segunda-feira, 28 de março de 2011

AUGUSTO CAMINHA - UM PAI RENASCENDO





No dia 8 de julho de 2010, publicamos aqui no nosso blog uma matéria que chamamos de “Uma declaração de Amor”. Tratava-se da história do nosso amigo Augusto Caminha, Diretor da ONG Pais por Justiça, e sócio fundador da Associação Brasileira Criança Feliz. Augusto Caminha, no dia da aprovação da Lei 12.318/2010, que trata sobre Alienação Parental abriu seu coração, e de peito aberto revelou sua história em uma entrevista para a Jornalista Clarissa Passos, iG São Paulo:

"Augusto, pai de uma menina de 14 e de um menino de 10 anos, como muitos outros ativistas da causa, sofre as conseqüências da alienação em sua forma mais grave: a denúncia de abuso sexual, supostamente falsa, feita pela mãe. Nestes casos, como a legislação brasileira, para proteger a criança, imediatamente afasta o pai e instaura uma investigação. "Faz 3 anos e meio que não vejo meus filhos, por uma mera alegação. Sem prova, sem nada", declara. Ainda declarou: “Para eles, eu não existo", reconhece o pai, que aos 52 anos se descobriu "uma pessoa mais forte do que imaginava" com toda a situação. "São órfãos de um pai vivo", lamenta. Embora tenha fé em conseguir reatar o contato com os filhos judicialmente, Augusto reconhece que os laços afetivos podem ter sido modificados para sempre. "Talvez eu não consiga recuperá-los, mesmo se a Justiça devolvê-los para mim"


Augusto, o nosso amigo Guto, nunca desistiu, e promete nunca desistir de seus dois filhos, por mais difícil que a caminhada seja.


No dia 17 de março ocorreu a audiência onde o Juiz deferiu as visitas a este pai. 4 anos depois este pai encontra seus dois filhos e hoje nós concede a alegria desta entrevista.


Hoje você é uma das pessoas mais conhecedoras do tema Alienação Parental. O que te fez estudar tanto o assunto? Quando fui acusado, eu era ignorante no assunto. Por intermédio de um amigo conheci o termo “Alienação Parental”, passando a estudar o tema com profundidade, me tornando assim o representante da Ong Pais Por Justiça, e sócio fundador da Associação Brasileira Criança Feliz, e também tive a alegria de colaborar com o projeto de Lei que hoje é a lei 12.318/2010, que trata sobre alienação parental.


Muitos pais passam por este tipo de processos, mas não têm coragem de revelar ao mundo. Porque você revela? Porque eu acho mais fácil as pessoas saberem por mim, do que ficarem sabendo de forma destorcida. E também para confortar e dar amparo para outras pessoas que passam por acusações falsas.


Qual a sua opinião sobre a colocação de alguns profissionais tanto da área da psicologia, como do direito, de que a lei da Alienação Parental pode ser usada para beneficiar verdadeiros abusadores? Todos sabemos que o abuso sexual existe e deve ser combatido. Em relação a lei amparar verdadeiros abusadores, o próprio texto da lei desmorona a tese uma vez que ela determina que em caso de denúncia de abuso, o Estado tem a obrigação de averiguar como diz um de seus artigos, com equipe multidisciplinar - competente para tal tipo de investigação. Devemos sempre observar o princípio do melhor interesse da criança e adolescente, tanto para afastar dela um possível abusador, e para salvaguardar os direitos do convívio familiar (visitas assistidas). Da mesma forma que jamais podemos esquecer que aquele que é capaz de realizar uma denúncia falsa desta natureza também está cometendo um sério abuso na criança ou adolescente. Outro ponto a ser observado: Já encontrei pais que simplesmente abandonaram os filhos e depois querem usar a lei de Alienação Parental como desculpa.(Mas a certeza que tenho é que a verdade sempre aparece).


Quantos e-mails você recebe por dia? Recebo em torno de 30 a 40 e-mails por dia, de profissionais de todas as áreas do Brasil e exterior. Alguns buscam amparo na área profissional e outros muitos amparo emocional.


Que conselho você dá para um pai que passa pelo mesmo processo? Nunca desista e cerque-se de profissionais competentes.


Quanto tempo exatamente você ficou sem ver as crianças? De 15 de maio de 2007, a 27 de março de 2011 (neste tempo todo fiquei impedido de trocar qualquer palavra com os meus filhos, com minha ex mulher, com minha ex sogra, e com qualquer testemunha que estava arrolada no processo, por determinação da Juíza da Vara de Violência Familiar. Determinação esta baseada em outra denuncia falsa, qual seja: “que eu era um monstro e ia matar todo mundo”.


Retirando o afastamento dos filhos, neste processo todo, o que foi mais difícil? A Justiça, por sua morosidade. Morosidade esta que só contribuiu para o afastamento e implantação da Síndrome de Alienação Parental.


Você poderia nos dizer, qual foi a sensação de vê-los 4 anos depois? Não consigo... a única coisa que descobri na primeira visita, foi o tanto que perdi em estar afastado deles.


Se for possível dizer: Qual o momento mais marcante da visita? O momento mais marcante foi quando consegui que eles se lembrassem das coisas que fazíamos juntos. E constatei que estas coisas não foram apagadas...Brincadeiras, jogos...Ela era pequenina e eu ia buscá-la na escola e na volta quando chovia, tomávamos banho de chuva ...e ela lembrou que era engraçado pular nas poças d’água...E era mesmo.



Sabemos que gostas de arte e poesia. Poderia usar uma arte ou uma poesia para representar este momento da tua vida? No período de afastamento juntei várias palavras no papel, palavras estas que são sentimentos traduzidos em letras. No momento a ficha ainda não caiu, e não da para expressar o sentimento da felicidade de reencontrá-los, ainda vai levar um tempo para colocar no papel, mas no período de afastamento a produção literária (poesia) foi para mim como um apoio para poder suportar a saudade.



O que você deseja daqui para frente? Retomar minha vida daqui para frente com os meus filhos, refazer os laços afetivos que foram destruídos. Preciso saber o que eles gostam. Descobri que ela não gosta de comer verduras...(risos)...ele também não é bem chegado; descobri que meu filho torce para o mesmo time que eu ...Graças a Deus!



O que é ser pai? Acho que nunca ninguém me perguntou isso... (pausa) ...vou tentar: Ser pai é a maior responsabilidade que um homem pode ter na vida, pois um filho é um contrato para a vida toda, contrato de apenas uma cláusula: amor incondicional.



O que é ser pai impedido? Também nunca me perguntaram isso... (olhos com lágrimas)...Ser pai impedido é transformar os filhos em órfão de pais vivos, é não poder acompanhar o crescimento e as fases pelos quais os filhos passam, é não poder orientar é não poder educar.


No dia que concedeste a entrevista para a Jornalista Clarissa Passos, iG São Paulo, ao final disseste:"Talvez eu não consiga recuperá-los, mesmo se a Justiça devolvê-los para mim". Hoje a Justiça está devolvendo seus filhos. O pensamento continua o mesmo? Não.


Augusto caminha x filhos, em uma frase. Esperança.


Augusto caminha x Augusto Caminha, em uma frase. Vai ser difícil definir o Augusto Caminha em uma frase...mas já que é para definir em uma frase. Pai.

"São tantas pontes que balançam pelo caminho


Vias tortuosas comandam meus passos


Caminhos de pedras arrancadas


Talvez o encontro do nada


Talvez o destino do tudo."


(Augusto Caminha)


A autorização de publicação desta entrevista foi concedida exclusivamente a este Blog.


Augusto Caminha é Representante da Ong Pais por Justiça e Sócio fundador da Associação Brasileira Criança Feliz. E-mail: gutocaminha@gmail.com


Atendimento pela PPJ: Fone: 51 30613508 (dias úteis das 12:30 às 14:30)

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